– Você tem filhos? – Pretende ter filhos? – Quando pretende ter filhos?
Se você é mulher, talvez já tenha ouvido essas perguntas em alguma entrevista de emprego, se é que o seu currículo tenha chegado até lá. Em alguns casos, os currículos nem são selecionados, e quando são, ainda correm o risco de serem descartados pelo simples fato de apresentarem no cabeçalho: tenho filhos. (Por: Fernanda Bassi Sugano, Escritora desse artigo sobre Gestão de Pessoas)
Algumas mulheres decidiram adiar a maternidade devido a carreira profissional, outras que não terão filhos. Até aí tudo bem, a escolha é de cada pessoa. O problema é quando algumas empresas estabelecem que não contratam mulheres com filhos, mas também não deixam claro na seleção por medo de se envolverem em uma atitude discriminatória. Acontece, é que tais perguntas, podem ser invasivas e não conduzirem a uma boa entrevista com foco em pessoas que estão alí devido ao profissionalismo delas.
Felizmente, há também empresas que respeitam as mulheres que tem filhos, oferecendo apoio para que consigam desenvolver um bom trabalho junto a equipe. Essa atitude tranquiliza um pouco o imaginário da mãe que precisa se recolocar no mercado de trabalho.
Convidei a Julien Ingrid para batermos um papo. Ela é uma profissional que trabalha numa Assessoria Jurídica, tornou-se mãe em 2019 e voltou ao trabalho agora em Março. Julien contou para nós, quais são as percepções dela, diante das angústias e expectativas que a profissional e agora mãe sentem.
Imagens: Arquivo Pessoal da Julien Ingrid de Oliveira Santos Cervantes, 19 anos
- Jully, vamos falar sobre medos. Conta para nós, se você sentiu medo de voltar ao mercado de trabalho após a maternidade, e ser demitida por acharem que você não daria conta de conciliar trabalho e filho:
Resp.: “Tive medo sim, porque nós mulheres somos muito subestimadas, e quando nos tornamos mães, as pessoas no geral acham que ficamos vulneráveis, acham que deixaremos o lado profissional por conta da maternidade. E isso não é verdade, é apenas uma nova fase da vida, e depois que eu me tornei mãe eu me senti mais motivada para acordar e buscar oportunidades.”
- Você acha que ter filhos pode gerar uma insegurança na mulher e afetar a carreira profissional? Por quê?
Resp.: “Em parte gera aquela insegurança de não ter um emprego garantido, às vezes quando eu preciso sair no meio do expediente para levar minha filha ao médico, eu fico pensando no que possam achar, por exemplo, que eu possa me aproveitar da minha filha para sair, não é o caso, mas ocorrem esses pensamentos na minha cabeça. No geral, não afeta o profissionalismo, mas cria uma insegurança do que os outros possam pensar.”
- Já se imaginou sofrendo algum constrangimento numa futura possível entrevista de trabalho, apenas por ser mãe? Como reagiria?
Resp.: “No momento não, porque quando engravidei já estava empregada e continuo até agora. Mas pensando nesse assunto eu ficaria muito chateada, porque as pessoas nos desqualificam apenas por ser mãe. Não pensam que as mães precisam ter emprego também. E muitas mães são as provedoras do lar.”
- Como você acredita que uma mulher e profissional precisa ser tratada após a maternidade?
Resp.: “Com respeito, empatia e muita compreensão. Porque agora mais do que nunca precisamos de apoio para continuar na batalha, para criar nossos filhos.”
- Deixe uma mensagem para as mães que precisam trabalhar após a maternidade e não se sentem valorizadas profissionalmente? Como encarar o mundo?
Resp.: “Eu falaria para não ter medo, e seguir de cabeça erguida, tentar não se sentir insegura quando precisar se ausentar por alguma necessidade da criança. Lutar por essa recolocação profissional. Hoje mais do que nunca, entendo muitas coisas pela qual minha mãe passou, entendo a motivação dela sair todos os dias para trabalhar e muitas vezes chegar tarde em casa. O amor nos move mais, com mais garra e coragem. Então a palavra que fica é CORAGEM, porque vamos precisar sempre dela para nós posicionar e para correr atrás do nosso espaço no mercado de trabalho.”
Ao ser mãe, a mulher desenvolve diversas competências que podem colaborar e muito no ambiente de trabalho. Tais como:
- a capacidade de se comunicar – ao fazer isso com o filho;
- organizar as tarefas – ao implantar isso em sua rotina da casa;
- a gerir melhor o uso do tempo – observando o tanto que a mãe se desdobra para atender as necessidades dos filhos em pouco tempo.
Ser mãe, não dá trabalho, posso dizer que É UM TRABALHO e merece o nosso respeito assim como os demais trabalhos especificados em um currículo.
Um abraço prá você que nos acompanhou até aqui.
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